02 de agosto de 2021

Todos merecemos viver sem medo e temos o direto de escolher como seremos governados. (Barack Obama)

Ora pois, pois

Agentes da Guarda Municipal da Prefeitura de Mangaratiba impediram o roubo de centenas de canos da CEDAE que estavam armazenados na área do Parque de Exposições do município. Cinco carretas e um caminhão guincho foram flagrados pelo Grupamento de Proteção Ambiental quando tentavam, sem autorização ou ordem de serviço, entrar no local para retirar os canos. Toda a ação aconteceu na Estrada São João Marcos, quando os agentes do GPA, durante uma ronda de rotina, desconfiaram da movimentação das carretas, já que no local é proibido o tráfego de veículos deste porte. Ao abordar os motoristas e um carro de passeio que gerenciava a operação, os guardas ambientais foram surpreendidos com a informação de que os caminhões fariam a remoção dos canos da CEDAE. Entretanto, diante da inexistência de autorizações e apresentação de ordens de serviço, o GPA, junto com a Secretaria de Ordem Pública, determinou a paralisação da atividade, acionou a distribuidora de água e as demais autoridades competentes. Quando soube da proibição do serviço, o carro de passeio que acompanhava as carretas, um veículo Nissan Versa, com placa de Belo Horizonte, se evadiu do local deixando apenas um de seus ocupantes para trás.

Ora pois, pois. II

De acordo com o Comandante do GPA, a ilegalidade da ação ficou ainda mais evidente quando o veículo fugiu do local. O outro ocupante do carro de apoio, os condutores dos caminhões, a Guarda Municipal de Mangaratiba, representantes das Secretarias de Ordem Pública e de Segurança e Trânsito, além da Polícia Militar e de funcionários da CEDAE, se deslocaram para a 165° DP, onde a ocorrência foi registrada. Os ocupantes dos caminhões e do veículo de apoio foram detidos pela suspeita de roubo qualificado. Mais ainda, foi identificado que a placa do veículo Nissan Versa que acompanhava os caminhões é adulterada e que sua numeração pertence a uma moto Honda Fan registrada no Estado de São Paulo. A tentativa de desvio dos canos da Cedae pareceu, em muito, similar ao do famoso caso do sumiço das vigas da perimetral, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro. Parabéns à atuação esperta dos integrantes da Guarda Municipal de Mangaratiba

Para lembrar

Em 22 de setembro de 2017, o blog publicava: Nos movimentos que antecederam as eleições de 2012, um assunto sempre estava em pauta, a questão do abastecimento de água. Por conta disso, logo surgiram “ações” articuladas com o governo estadual para resolver o problema. Centenas de canos ficaram expostos no trevo da praia do saco, indicando que a obra seria construída. Políticos locais fizeram e divulgaram imagens dos primeiros momentos em que os tais canos começariam a ser instalados. Agora, chega a informação de que a Cedae iniciou a retirada desses tais canos para levá-los para o município de Caxias. Não foram para Caxias, mas deixaram o trevo da Praia do Saco e foram guardados na área da Expo. São nove anos de exposição ao tempo sem que a Cedae solucione o problema de abastecimento de água na região.

Para lembrar II

Caminhoneiros que trabalhavam na área do Caju para onde as vigas foram levadas disseram que as seis peças, de 40 metros e 20 toneladas cada uma, valendo em torno de 14 milhões de reais, foram levadas para o terreno há dois meses e precisaram ser transportadas por dois guindastes com capacidade de carregar cem toneladas cada um. Dez dias depois, um grupo chegou em uma caminhonete e munido de maçaricos começou a cortar as vigas em pedaços. Um dos motoristas disse ainda que o trabalho levou oito dias para ser concluído. As peças foram retiradas do local por caminhões munck, veículos que têm um guindaste acoplado. Ele explicou que não chamou a polícia por pensar que o grupo estava trabalhando pela prefeitura. Em nota oficial, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro informou que determinou à Concessionária Porto Novo, responsável pela guarda do material, que desse início imediato à apuração dos fatos a fim de recuperar as peças e punir os responsáveis. Até hoje, oito anos depois, as vigas não foram encontradas.

Melhorias & Pedágio

O TCU aprovou aquele que será o maior leilão rodoviário da história do Brasil: a concessão da Via Dutra, trecho da BR-116 – que liga São Paulo e Rio de Janeiro, e da Rio Santos, trecho da BR 101 – de Santos ao Rio. O leilão está previsto para outubro. O investimento privado pode passar de R$ 14,8 bilhões e prevê duplicações, implantação de terceiras e quartas faixas, vias marginais, entre outras melhorias. O TCU, em consonância com o compromisso firmado pelo Presidente Bolsonaro com os motociclistas brasileiros, estabeleceu também a isenção de pedágios para motocicletas em todo o percurso. Ao todo, serão 625,8 km repassados à iniciativa privada.

Uma questão Nacional

Vale a pena ler e refletir sobre esta crônica publicada no site Hypescience.

“Apareceu lá em casa o cachorro mais feio do mundo. Parecia um novelo esfiapado. Um pacote de pulgas muito magricelo, trêmulo e estabanado. Porém, algo naquele bicho me comoveu. Talvez seus olhos úmidos, as vastas orelhas caídas ou a forma suplicante com a qual me olhava. Fora muito maltratado. Fiquei profundamente penalizado. Ele era apenas um filhote e já descobrira toda a crueldade do mundo. No alto de meus dez anos de idade não tive coragem de espantá-lo. Eu sabia que meus pais jamais me deixariam ter um cachorro, quanto mais um tão estropiado quanto àquele. Prometi, então, entregá-lo ao canil da prefeitura, onde eles recolhiam os cachorrinhos órfãos, até que alguém o adotasse. Porém ninguém adotaria aquilo. O coitadinho mal  parava em pé, de tão fraco. Talvez fosse pela fome. Talvez fosse pela doença. Talvez fosse por ambos. Não podia entregá-lo à prefeitura naquele estado. Depois de uma negociação com os familiares, contando com o apoio de meus irmãos realizei uma operação de emergência. Ração especial, anti-pulgas e vermífugos aos quilos. Consegui a assistência de um primo que estudava veterinária e em poucos dias o pobrezinho já conseguia sair da casinha, um tanto trêmulo, para me fazer festa quando eu voltava da escola. Meu vizinho, o “seu” Roby, que se dizia estrangeiro, adorava fazer piadas políticas. Logo, transformou meu cãozinho em seu alvo predileto. E então, como vai o Brasil? Está se recuperando?  Perguntou ele, numa manhã de domingo, quando me avistou brincando com o cãozinho. Seu quintal estava abarrotado de parentes que se acotovelavam ao redor de uma churrasqueira fumacenta. Todos esticaram seus pescoços por cima da cerca. Como disse?  Perguntei, enquanto jogava uma bolinha para me amigo canino. Esse seu vira-lata, o nome dele é Brasil, não é? Insistiu o malvado enquanto mastigava um pedaço de pão com linguiça. A parentada do ilustre ao ver um cão tão feio e raquítico rachou o bico de tanto rir. Aquilo me pegou de surpresa. Ainda não havia escolhido um nome pro bicho. No fundo eu sabia que se eu o batizasse eu me apegaria. Olhei para o pobrezinho. Saltitava borbulhando de alegria, indo e vindo com aquelas perninhas finas e a bolinha amarela na boca. Seus olhos estavam repletos de felicidade. Tinha alimento, abrigo e mais que tudo um amigo para brincar. Meu coração sofreu um aperto. Ele ainda não tinha um nome.  Talvez eu tivesse vergonha da aparência daquele pobre animal? No entanto, aquela magreza cadavérica, aliada ao pelo falho e sem vida não o impediam de correr e se divertir e também de aprender alguns truques. Era o próprio retrato da vitalidade. Completamente alheio à selvageria da vizinhança que fazia dele um objeto repulsivo capaz de ofender toda uma nação. Às vezes existe vantagem em se ser um simples cachorro. Exime-se da triste tarefa de se destilar o teor destrutivo das palavras. Por isso respondi altivo àquela provocação. É sim! O nome dele é Brasil. Por quê? Esse seu cachorro acha bonito ser feio, né? Novas gargalhadas. Os parentes esfomeados tinham se transformando em plateia e agora se agarravam à cerca com olhar transbordando expectativa. Olha só quem está falando de feiúra, Brasil, esse velhinho que cresceu do avesso – respondi com irreverência. Para minha surpresa as risadas foram ainda mais intensas. “Seu” Roby se irritou com a virada da torcida e por isso contra-atacou. Ele está abanando o rabo ou é o rabo que está abanando ele? Mais risadas. Pelo menos sabemos em que lado do corpo ele tem o rabo. Risadas e alguns gritos. O que ele come para ser assim tão magro? Arame farpado? Alguns risos forçados. Claro. Se ele comesse pão com linguiça além de muito feio seria espinhento, pançudo e teria um bafo de matar. Muitas risadas e aplausos. Alguns tiveram que se sentar para não caírem da cerca. Eu tinha descoberto naquele momento, e da pior forma, como um público pode ser traiçoeiro. Assim resolvi sair de cena enquanto o vento soprava ao meu favor. Peguei Brasil em meus braços e me refugiei dentro de casa. Contei aquele episódio aos meus pais. Eles ficaram mais indignados que eu. Para a nossa sorte (minha e de Brasil) conquistamos esses dois grandes aliados em nossa campanha de revitalização nacional. Em poucos meses Brasil estava belo, forte e impávido. Um verdadeiro colosso. A magreza fora substituída por uma musculatura robusta e ágil. O pelo acastanhado crescera vistoso e brilhante e não eram poucos os que paravam no portão para elogiar aquela metamorfose. Além da beleza, Brasil demonstrava ser muito esperto e aprendia com rapidez muitos truques. Truques que eu usava para conquistar, junto a meus pais, a permanência definitiva de Brasil em nossas vidas. Seu Roby perdeu a graça para fazer piadas. Num dia me abordou na rua só para perguntar qual fora o segredo daquela transformação. Eu respondi na lata: Bastou o Brasil encontrar alguém que o amasse de verdade”. (Mustafá Ali Kanso)

Autor: Prof. Lauro

Psicólogo, Professor Universitário, aposentado, e escritor, 72 anos, divorciado, três filhas e seis netos. Com residência de temporada em Itacuruçá desde 1950 e definitiva a partir da aposentadoria em 2001.

2 comentários em “02 de agosto de 2021”

  1. Parabéns Professor Lauro. A Crônica “Uma questão nacional” é de extrema importância/realidade neste momento que vivemos. Léo Pessoa de Oliveira.
    Obs. Fui eu quem comprou o apartamento do Sr. Jorge Pessoa na Rua da Igualdade.
    Abraço.

  2. Achei muito estranho essa isenção de pedágios para motos, o que coincide com os eventos dos motoqueiros apoiadores do Bolsonaro, algo que tem um propósito nitidamente eleitoreiro. Daí esse benefício específico até o final do ano pode caracterizar uma conduta abusiva e um conluio do Chefe do Executivo com uma determinada concessionária que administra rodovias federais. É algo que precisa ser investigado. Alô, MPF!

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