02 de março de 2020

Frase do dia

O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração. O homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração. (Lucas 6:45)

Chuvas fortes

Antes era uma pessoa falando para muitos. Tempos depois, algumas pessoas falando para muitas outras. Hoje, com as redes sociais, todos estão falando para todos. A observação vem a propósito da grande importância das redes sociais em disseminar informações e dos telefones celulares com suas câmeras, capazes de registrar, em tempo real, tudo o que acontece. O grande risco dessas novas formas de comunicação deste século XXI, é que, além das já conhecidas “fake news”, surgem bobajadas inacreditáveis ou apenas absolutamente maldosas. As primeiras dão voz àqueles que “ouviram dizer” a outros que “supõem” e até aos que estão em busca, apenas, de ataques de interesse político. Nesse final de semana, com as fortes chuvas que atingiram a região, surgiu de tudo um pouco, até mesmo que uma represa que estaria a ponto de se romper.

Chuvas fortes II

Tempos atrás, quando alguém erguia a voz para falar alguma coisa absolutamente “fora do tom”, quase sempre ouvia a recomendação, sussurrada ao pé do ouvido: “Perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado”. Com o episódio das chuvas desse final de semana, a recomendação cairia  muito bem para um grupo de internautas que, confortavelmente abrigados em suas casas, gastaram um bom tempo inundando as redes sociais com críticas as mais diversas, normalmente dirigidas ao poder público e, até mesmo, reclamações as mais estapafúrdias, como quanto ao repetitivo som das sirenes de alerta para as áreas de risco que estariam “atrapalhando” seus sonos.

Chuvas fortes III

Num forte indicativo de que a população do município não é formada por “ingênuos otários” prontos para cair nessa “conversa mole” de que tudo é culpa do prefeito, já na manhã de domingo as redes sociais foram invadidas por gestos e ações de solidariedade para com aqueles que passaram  angustiados a noite e perderam seus poucos bens. Ofertas de abrigo, de mantimentos, de roupas, de móveis e utensílios domésticos, de disponibilidade para se voluntariar no atendimento aos atingidos, em pouco tempo simplesmente tiraram o espaço e praticamente sufocaram os que queriam se aproveitar da situação com fins exclusivamente politiqueiros.

Chuvas fortes IV

Zapeando pelas redes sociais, chamou a atenção de um morador de Itacuruçá que, as mesmas pessoas que elogiam o prefeito de Colatina, Sérgio Menegueli por aparecer em fotos trabalhando como “ajudante de pedreiro”, indo de bicicleta para algum lugar ou almoçando de marmitex no colo em frente a um botequim qualquer, são as mesmas que criticaram o prefeito de Mangaratiba (que é bombeiro por formação) por ir às ruas trabalhar no atendimento às vítimas e desabrigados.

Chuvas fortes V

Para entender, na prática, o quanto foram incomuns as chuvas desse final de semana, fizemos uma conta simples: A meteorologia informa que, na região da Costa Verde choveu, nesse final de semana, em vinte e quatro horas, um volume total entre cento e vinte e cento e cinqüenta milímetros por metro quadrado. Uma pluviosidade de um milímetro, medida no tubo de captação, equivale ao volume de um litro de água de chuva que se acumulou sobre uma superfície de área igual a um metro quadrado. Portanto, um litro por metro quadrado =  um milímetro. Considerando que a construção mais comum no município é de casas em terrenos de 12 por 30, a área total do terreno será de 360 metros quadrados. Assim, só nessa casa, na noite de sábado para domingo, choveu cerca de cinqüenta mil litros de água.

Chuvas fortes VI

A previsão do tempo para hoje ainda é de ocorrerem chuvas fortes ao longo do dia. Segundo o site Climatempo, em Itacuruçá o volume de água pode alcançar setenta milímetros (setenta litros por metro quadrado). Considerando o fato de que as encostas já estão bastante encharcadas pelas chuvas de sábado e domingo, aumentam, de forma considerável, as possibilidades de deslizamentos nas áreas de risco.