Frase do dia
Precisamos entender melhor a natureza humana, porque o único perigo real que existe é o próprio homem. Todos querem um mundo melhor. Poucos querem melhorar. (Carl Gustav Jung)
No mundo da bola
O ano de 2019 mal completou quarenta dias e já fomos abalados por três tragédias, a última delas a abrupta interrupção dos sonhos e das vidas de uma dezena de jovens que se imaginavam encantando multidões mundo afora jogando futebol. As causas dessa tragédia, como sempre, as mesmas já conhecidas de outros eventos: negligência, imprudência, desrespeito às regulações. As chamas atingiram as instalações onde dormiam jogadores entre 14 e 17 anos que não residiam no Rio. A suspeita é de que a causa foi um curto circuito em um ar condicionado. Seis contêineres interligados serviam de dormitórios, com janelas estreitas e uma única saída. A prefeitura informou que o Centro de Treinamento do Flamengo teve quase trinta autos de infração por estar funcionando sem o alvará necessário. Um edital de interdição chegou a ser emitido em 2017.
No mundo do jeitinho
Em 2013, com apenas uma saída, janelas bloqueadas e mais gente do que era permitido por lei, a boate Kiss, em Santa Maria, foi transformada em uma câmara de gás quando as chamas de fogos de artifício se alastraram pela casa noturna. Morreram 236 jovens universitários e mais de 500 ficaram feridos. Nos meses seguintes, diante da comoção nacional, os poderes públicos iniciaram uma verdadeira cruzada de fiscalização e interdição de milhares de estabelecimentos país afora. Com o aparecimento de algum outro escândalo, as medidas fiscalizatórias foram diminuindo até desaparecerem por completo. Cinco anos depois, os jovens atletas do flamengo morreram em situação bastante similar.
No mundo do descaso
Muito triste por mais essa tragédia acontecida no Flamengo. Muito mais triste ainda, quando se sabe que todas poderiam ser evitáveis se as autoridades fossem mais enérgicas e os dirigentes mais responsáveis. De um lado 30 autos de infração e um de interdição. Do outro, a cultura do jeitinho de “empurrar com a barriga” que nada vai acontecer. Por outro lado, a burocracia que constata que as pendencias não são cumpridas, mas não proíbe efetivamente o funcionamento da instalação. E quem paga por isso tudo são jovens que perdem suas vidas. Famílias que perdem seu chão. (Gustavo Busse)
No mundo da esperteza
Que início de ano complicado! E os sinos continuam a dobrar por todos nós! Ano das consequências de anos de uma cultura de desleixos, descaso, ganância, ignorância e passividade diante de tudo que passou a ser “naturalizado” como normal. Tragédias ambientais, tragédias sociais, matanças, preconceitos, retrocessos, injustiças, idolatrias, egocentrismo, são retratos fiéis da caminhada do ser humano e de nosso país. Ganância é egoísmo tratado como ambição natural. É. Orai e vigiai! (Leila Castro)
No mundo da indignação
Chega de gente canalha! Às vezes eu penso que já ultrapassei o meu limite de me pronunciar contra tudo que está errado, e geralmente esses pronunciamentos são direcionados aos políticos, principalmente àqueles que no exercício dos mandatos promovem todos os tipos de canalhices, mas nas últimas semanas, desde a tragédia de Brumadinho, eu tenho observado, talvez tardiamente, que o animal político é um produto do meio em que vive, um meio que a raiz apodreceu, e os frutos que nascem dessa árvore tem sabor acre. Penso em largar tudo isso e voltar para a boa e velha máquina de escrever, para não ter mais a decepção que sinto pela raça humana, quando deparo, nas redes sociais, com mensagens irracionais, proferidas por descerebrados, como algumas que li e seguem: Rompimento da barragem de Brumadinho: “Bem feito! morreu pouca gente. devia ter morrido mais, porque a maioria da cidade votou em Bolsonaro!” Tragédia com o temporal em Mangaratiba: “Bem feito! elegeram Alan Bombeiro! Tragédia com o temporal no Rio de Janeiro: “Bem feito! elegeram Crivella!”. Incêndio no ninho do urubu, com 10 jovens mortos: “Bem feito! foram tirar o Arrascaeta do Cruzeiro. eu acho é pouco. Poderia ter morrido mais”. Não são pessoas com valores invertidos. Na verdade, são pulhas, elementos vis sem nenhuma noção de valores sociais e humanos, e isso me dá vontade de ir embora, viver no meio do mato, sem nenhum contato com esse lixo de gente, que lamentavelmente faz parte da sociedade! (Por Sérgio Prata)
No mundo do desprezo
E tão pequeno, mesquinho e inútil, comentários maldosos e piadas ridículas sobre a morte trágica dos adolescentes do Flamengo, sorrir da desgraça alheia? meu Deus, me pergunto se esse ser é humano? Ou e um acéfalo? Tudo pra ter curtidas, e não pensa que a mão de Deus pesa pra todos? Não pensa na dor alheia? Acha isso legal? São famílias enlutadas, pais e mães sentindo uma dor sem igual. Esse tipo de gente, é digna de pena e de desprezo, gente ruim, gentinha, gentalha. Um lixo que respira, um bosta que anda, um resto de estrume, que não foi parido, foi defecado. (Fatinha Oliveira)
De imbecis, idiotas e outros sociopatas
Definição da psiquiatria: “Eles podem estar em qualquer lugar, seja no seu trabalho, na escola ou mesmo na própria família. Os sociopatas são indivíduos com uma “deformação social”, ou seja, apresentam uma personalidade antissocial e podem ser uma ameaça para as pessoas ao seu redor. Existem diferentes níveis e tipos de sociopatas, desde os mais sutis aos que se transformam em perigosos serial killers, por exemplo.
Bom dia, Prof. Lauro e leitores.
Lendo todos os comentários acima reproduzidos e desconsiderando as imbecilidades que todos somos capazes de externar, venho comentar as palavras muito bem colocadas do ex-secretário Gustavo Busse, quando ele muito bem resume o atuar estatal quanto às pendencias não cumpridas sem que seja proibido efetivamente o funcionamento de uma instalação.
Lamentavelmente, vivemos numa sociedade corrupta e que, por sua vez, elege governantes e legisladores também corruptos. Até o que ingressam no serviço público fora da via eletiva, a exemplo dos juízes, também se tornam propensos à corrupção visto que um concurso apenas seleciona por um critério objetivo os que não seriam totalmente inaptos e foram aprovados num determinado exame (acrescente-se o fator sorte ao preparo do candidato). Só que não há garantia de que teremos autoridades honestas vindas de um meio social que se encontra apodrecido e faz perpetuar aquilo que foi praticado pelas gerações passadas.
É certo que tais condutas não se restringem a nós brasileiros e, sem dúvida que Jung, como um profundo estudioso da natureza humana, compreendia comportamentos assim que decorrem da nossa ambiguidade. Ele com filho de um pastor protestante e grande conhecedor da Bíblia, foi capaz de repensar a maneira como o cristianismo vê o ser humano, transformando as conversões pessoais em mitos, equivocando-se os indivíduos como se tudo tivesse mudado com a aceitação de uma nova crença religiosa.
Porém, Jung bebeu em outra fonte (a meu ver tão desconexa da Bíblia) que foi Freud. Este sendo de origem judaica era um conhecedor da Torá e da vasta tradição rabínica que se desenvolveu paralelamente à Igreja. Seis estudos irão de encontro à análise do inconsciente humano de onde procedem os nossos sentimentos e desejos mais profundos.
Ora, se fizermos aqui uma análise psicanalítica de nossa postura político-ideológica, poderemos chegar à conclusão de que somos ao mesmo tempo esse palco de conflito entre desejar a mudança e não querer mudar as coisas. Defendemos um Brasil melhor, um Rio de Janeiro melhor e uma Mangaratiba melhor, porém, na hora de tomar as atitudes, muitas das vezes fracassamos. É quando as palavras do apóstolo Paulo em sua carta aos romanos (certamente uma das fontes de Jung) vêem à minha memória:
“Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.” (Romanos 7:18,19; NVI)
Todavia, compreendendo ou não essa nossa natureza que, numa cultura corrompida como a brasileira, aflora que é uma beleza, consigo então compreender as colocações do internauta Sérgio Prata que, assim como fez Jung nos últimos anos de sua vida, decidiu construir uma Torre à beira de um belo e tranquilo lago em Bollingen (Suíça), para lhe servir de refúgio. Algo que a meu ver ainda é mais lúcido do que condutas como o “escapismo escatológico”, lembrando aqui do pentecostal César Moisés Carvalho, no qual muitos acabam se alienando ao projetarem seus desejos de mudança para um novo tempo pós-morte, esquecendo-se da vida no presente.
Hoje sem querer concluir nada, mas tão somente fazer breves comentários sobre um assunto tão vasto, encerro por aqui esta participação de hoje, apenas podendo compartilhar meus sentimentos aos familiares dos jovens jogadores do célebre clube carioca para o qual sempre torci no futebol, na expectativa de que algum dia possamos ao menos ter atitudes mais preventivas neste país a ponto de evitarmos ou reduzirmos a ocorrência de tragédias. Afinal, estamos a falar de vidas humanas em constantes riscos (como Brumadinho há outras barragens a ponto de se romperem neste momento), de modo que não podemos só lamentar as ocorrências para amanhã continuar tudo como está até a próxima notícia.
Sim. “Orai e vigiai”, como bem colocou a Leila Castro citando o mestre Jesus de Nazaré.
Bom sábado a todos e peço desculpas se abusei do espaço com minhas muitas letras.
Em tempo. Só corrigindo o que escrevi, acrescento o advérbio de negação à frase entre parêntesis)
“(…) Jung bebeu em outra fonte (a meu ver NÃO tão desconexa da Bíblia)
Abusou mesmo Rodrigão.
Gostaria de lembrar que esta semana o Santo Padre pediu desculpas pelos padres e bispos que abusaram de freiras.
Acho que foi para lembrar que não só de pedófilos a Igreja Católica consiste.
Também tem espadas me pareceu a mensagem do argentino.
No mundo da indignação
Perfeito comentário, só discordo de tratá-los como lixo, o lixo pode ser reciclado.
De imbecis, idiotas e outros sociopatas.
Conheço tantos que mais me parece regra e não exceção
Ou sou eu…